As mudanças no Flickr e eu

Estou no Flickr desde 2011. Desde então, este website de partilha de fotografias cum banco de imagens passou por algumas transformações. Quando comecei, aqueles que optassem por um plano gratuito podiam carregar um número máximo de duzentas fotografias ou vídeos e tinham acesso a estatísticas; como entendi que duzentas fotografias eram poucas, subscrevi a modalidade «Pro» por cerca de €25 anuais, que me permitia carregar um número ilimitado de fotografias.

Mais tarde foi introduzida uma nova modalidade gratuita que admitia o upload de 1 TB de fotografias (embora sem estatísticas). Decidi poupar dinheiro e abandonar a modalidade «Pro». Afinal de contas, as estatísticas não são assim tão importantes: o que pretendo do Flickr é que vejam e apreciem as minhas fotografias. Quantos o fazem não é tão importante, e de resto continuei a saber quantas pessoas viam cada uma das fotografias carregadas. No meu entender, ver gráficos com o número de visitas diárias às minhas páginas do Flickr não justificava o dispêndio (mesmo se €25 por ano está longe de ser redibitório).

Entretanto a Yahoo vendeu o Flickr ao grupo Oath. Agora as coisas são um bocado diferentes: a capacidade de carregamento da modalidade gratuita deixou de ser 1TB e é limitada a mil (1000) fotografias, continua a não haver estatísticas e quem visitar a página fica sujeito a ver publicidade; na modalidade «Pro», o carregamento é ilimitado, tem-se direito a ver a evolução diária do número de visitantes com a ajuda de gráficos e não há publicidade, mas a anuidade aumentou para USD $50 (cerca de €44 à cotação de hoje).

Mil fotografias pode parecer pouco, mas não é. É até cinco vezes mais fotografias do que as que podia carregar quando me inscrevi no Flickr. Nós conhecemos dez ou vinte fotografias dos melhores fotógrafos do mundo; podemos suspeitar, com razão, que, por cada grande fotografia de um determinado autor, haverá umas dez menos conseguidas, mas de enorme valor. O que dará umas quatrocentas fotografias. E nós, que não passamos de amadores com a patética ilusão de que fazemos alguma coisa de interesse, pensamos que precisamos de espaço ilimitado.

Vamos ser francos: apenas uma milionésima parte das fotografias que se publicam no Flickr têm alguma originalidade. E estou a ser condescendente. O resto não passa de poluição cibernética. Não estou a ser pretensioso, porque me incluo nesta estimativa. Tenho cerca de 1700 fotografias no Flickr, mas sei que se fizesse uma selecção muito crítica, apenas uma mão-cheia escapava. E não sei se aquelas que sobrevivessem à minha análise crítica resistiriam a um julgamento futuro, porque o tempo é um mestre que nos ensina o que tem valor e o que não tem.

Quando tiver mais tempo livre vou fazer uma limpeza no meu Flickr. Não vou subscrever a modalidade «Pro». É bem possível que tenha de me conter para não apagar praticamente todas as fotografias, como já me apeteceu fazer em limpezas anteriores. Há muitas fotografias que não têm originalidade nem valor estético, mas evocam momentos interessantes das minhas caçadas fotográficas; é possível que deixe quatrocentas ou quinhentas fotografias. (Eu terei de fazer esta selecção, pois se não o fizer o Flickr fá-la-á por mim e será certamente menos criterioso.) E mesmo assim já serão muitas: se o leitor conhece vinte fotografias de HC-B, para que quererá conhecer quatrocentas do M. V. M.?

M. V. M.

Um pensamento sobre “As mudanças no Flickr e eu

  1. Fiquei bastante bolado com isso. Tenho dois perfis do Flickr, com cerca de 1,5 mil fotos cada um. Já fiz os respectivos backups criando um álbum com todas as fotos para posterior download. Também seguirei o M.V.M e deixarei apenas 500 fotos em cada perfil e seguirei controlando. Uma pena isso. Utilizei o Flickr profissionalmente por muitos anos.

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